Miley Cyrus já é conhecida por uma carreira de experimentações e um potencial vocal que combina e apimenta diversos subgêneros musicais, e isso poderia ser uma das premissas de “Endless Summer Vacation“, seu mais novo lançamento. O oitavo disco de estúdio, divulgado em 10 de março, explora o pop, a base country de Miley e uma narrativa intimista — e não necessariamente focada no divórcio com o ator Liam Hemsworth, como era esperado.
Com 13 faixas, contando uma versão demo do lead single “Flowers“, e cerca de 43 minutos de duração, “Endless Summer Vacation” pode ser descrito como um projeto que explora a maturidade emocional de Miley Cyrus, seus apegos melódicos e um íntimo lírico, mas não foge da zona de conforto, apesar das referências narrativas e da potência vocal indiscutível.
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Faixa a faixa: Miley Cyrus busca, e alcança, reconciliação consigo mesma em “Endless Summer Vacation”
Assim como muitos artistas que iniciaram a carreira muito jovens, Miley Cyrus também já foi protagonista de alguns altos e baixos. Da fase rebelde à monotonia, ela encontrou o meio do caminho entre a audácia de quebrar paredes montada em uma wrecking ball e as baladas acústicas românticas dedicadas a um galã de Hollywood. O lead single “Flowers” forçou uma expectativa de rancores, mas “Endless Summer Vacation” chega como um álbum sobre Miley Cyrus, sua maturidade pessoal e sua evidente autenticidade.
Ela, que foi escolhida para abrir o álbum, é a primeira e praticamente única — se não fosse pela sua versão demo, fechando o disco — a fazer uma menção mais direta ao casamento com Liam Hemsworth. “Flowers”, inclusive, foi a primeira faixa de Miley Cyrus, em dez anos, a alcançar o primeiro lugar da parada dos Estados Unidos após “Wrecking Ball“.
A open track é seguida por “Jaded“, uma balada forte e familiar nos confessionais de Miley Cyrus. “Rose Colored Lenses” traz a crocância pop com arranjos mais elétricos e antecede o feat com Brandi Carlile, “Thousand Miles“, em um suave country-pop. A romântica “You” é um dos destaques da primeira metade do álbum pelo vocal quase aveludado de Miley junto ao piano em um R&B, seguida pela provocativa e sensual “Handstand” e o single “River“, um dance-pop-catchy com um “quê” cosmopolita.
A adocicada “Violet Chemistry” conduz o pop-dance, mas “Muddy Feet“, colaboração com a multiartista Sia, eleva o ritmo na faixa que mais potencializa a rouquidão característica de Miley Cyrus em uma pegada mais spicy e rock n’ roll. E por falar em vocal, “Wildcard” trabalha o range de Miley em mais uma faixa de base country, mas “Island” leva o ritmo para baixo novamente para o intimismo do slow jam. “Wonder Woman” divide o fim do disco com a demo de “Flowers”, em uma dobradinha sobre a reconciliação consigo mesma em dois hinários feministas — apesar da primeira ser mais literal que a segunda.
“Endless Summer Vacation” não reinventa, mas a verdade é que em nenhum momento ele se predispôs a isso. O oitavo álbum de estúdio de Miley Cyrus é sobre uma jornada individual através de um olhar gentil para as próprias vulnerabilidades e batalhas internas. E apesar das lacunas estruturais e por mirar em uma zona de conforto técnica, Miley Cyrus segue demonstrando sua potência enquanto uma artista audaz.