Coldplay surpreendeu aos fãs quando, ao anunciar o seu 9º álbum de estúdio, ‘Music of the Spheres‘, revelou que adiantaria uma das faixas. E não qualquer uma delas, mas a faixa de encerramento, com nada mais, nada menos que dez minutos e dezenove segundos segundos de duração. A surpresa não desapontou quando “Coloratura” foi disponibilizada, revelando uma canção diferente de praticamente tudo que a banda já fez.
Antes de prosseguir, cabe explicar, rapidamente, que ‘Music of the Spheres‘ é ambientado em um sistema solar de doze planetas – cada um deles representando uma faixa. Sendo assim, Coloratura é, também, o nome de uma nebulosa extremamente colorida e oscilante.
Mais longa canção já lançada pela banda, “Coloratura” tem produção de Max Martin e Oscar Holter. Ao longo dos seus dez minutos, oscila entre diferentes atmosferas e emoções, além de reunir diversas referências espaciais e culturais.
De Galileu Galilei a Douglas Adams
“Coloratura” marca como o Coldplay tem buscado ampliar seus horizontes musicais. A melodia oscila entre um solitário piano às vibrações rapsódicas de Pink Floyd e, claro, da própria “Bohemian Rhapsody”, do Queen, por sua vez. Essa vontade de buscar novas inspirações aparece na letra, que referencia desde o astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) ao escritor britânico Douglas Adams (1952-2001), conhecido pelas histórias do Guia do Mochileiro das Galáxias.
Tudo isso para dizer que, se a banda abordou temas como esses, é só porque Chris Martin conseguiu convencer Guy Berryman, Jonny Buckland e, principalmente, Will Champion. No documentário A Head Full of Dreams, lançado em 2017, o vocalista reclama que os demais integrantes da banda não o deixava escrever sobre “como Galileu enxergava o universo”.
As missões e os mistérios do espaço
Agora, Coldplay vai além ao cantar sobre grandes missões espaciais, como o programa Pioneer, desenvolvido entre as décadas de 1950 e 1970 pelo governo dos Estados Unidos com missões não-tripuladas, além de se inspirar justamente em uma nebulosa para o universo criativo da canção. Helix, que aparece na letra, foi descoberta no século 18 e está localizada na constelação de Aquário, a mais de 650 anos-luz de distância da Terra. “Coloratura” ainda cita fenômenos como o misterioso objeto espacial Oumuamua, que viaja pelo sistema solar a uma velocidade altíssima, e a heliopausa, região onde o vento solar é parado pelo vento interestelar pois sua pressão não é mais intensa o suficiente.
O clima de uma canção apoteótica se reflete em uma referência em especial. Citada na letra, a musa da mitologia grega Calíope é dita como a rainha da poesia épica, da ciência de uma maneira geral e da eloquência. Pode-se dizer que “Coloratura” é uma mistura de tudo isso. E após atingir um clímax – como toda canção do gênero –, revela-se mais uma vez expressando toda uma fragilidade para concluir: não passa de uma canção de amor.