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#TRACKBACK: t.A.T.u, polêmicas e aniversário de 11 anos de “Dangerous and Moving”

Quem é da Geração Y provavelmente conheceu o som do duo t.A.T.u na adolescência, fase de transgressões para a maioria dos jovens. Ontem, 5, foi o aniversário de 11 anos de “Dangerous and Moving” (2005) e, portanto, é um bom momento para recordar/ falar das polêmicas e dos sucessos da banda. Em 2002, época do lançamento de “200 km/h in the Wrong Lane” (álbum que as consagrou mundialmente)  não havia nada parecido: as russas Lena Katina e  Julia Volkova pareciam externar todo o sentimento de inadequação de parte desses adolescentes, que não se sentiam representados em uma época em que a indústria musical reproduzia muito mais a cultura heteronormativa. Há pouco mais de dez anos, ver duas moças se beijando em um clipe ( “All The Things She Said”) era sinônimo de polêmica, afrontamento, quebra de paradigma.

“muitas pessoas estavam saindo do armário e vendo que não estavam sozinhas. Então, eu vejo que ajudamos muita gente a perceber que homossexualidade não é doença, é só o jeito que você é, quem você é. E se você é assim, como a música da Gaga, você nasceu assim (Lena Katina)”

 

Mas, aí você vai possivelmente dizer retrucar  contrapôr: “Espera um pouco, mas não era tudo fake? Elas nunca tiveram um romance!” Sim, e isso é visivelmente uma crítica. A questão da lesbianidade foi usada como marketing, como plataforma para as garotas se promoverem em uma sociedade que encara e sempre encarou a relação entre duas mulheres de forma fetichizada. E tudo pode parecer pior se recordarmos que, há dois anos, Julia Volkova chegou a fazer uma declaração homofóbica: “Eu não aceitaria um filho gay. O homem, para mim, é o apoio, a força…”, disse em 2014, se contradizendo ao dizer que não se importaria se tivesse uma filha lésbica (reafirmando a ideia de fetiche). Lena Katina, por outro lado, rebateu os comentários na ocasião por meio de seu Facebook: “Todo mundo é livre para amar quem quiser”. 

Essa intolerância mostrada por Julia na declaração é provavelmente um dos motivos pelos quais a dupla não se reergueu em 2014 (quando ensaiaram um retorno nos Jogos Olímpicos de Sochi), três anos depois do anúncio da separação oficial. Você também deve refletir que em 1999-2000 (formação da banda), Lena e Julia rondavam os 15 anos de idade e essa é a fase de descoberta, da sexualidade aflorada e busca de identidade pessoal. Elas provavelmente não refletiram sobre o que queriam representar e nem tinham ideia do sucesso que conquistariam, que ultrapassaria os limites de seu país.

“Você pode se preparar aos 15 anos para ser a estrela nº 1 do mundo? Eu acho que não. Eu não acho que estávamos preparadas. Mesmo agora, eu ainda estou trabalhando com a banda que trabalhei com t.A.T.u.; e às vezes os músicos dizem:’Você se lembra disso, daquilo?’ Eu digo que não, era tudo como um sonho. Eu não podia acreditar que estava acontecendo, acontecendo comigo. O que eu fiz para merecer tudo aquilo?” (Lena Katina em entrevista recente

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Além de desentendimentos (porque Julia, de acordo com Lena, queria comandar todo o processo criativo) que refletem as pessoas que são hoje, a dupla vive momentos diferentes da vida: Lena está seguindo carreira solo, lançando canções em inglês, russo e espanhol; Julia passou por um período difícil devido ao câncer na laringe, mas está retomando a carreira solo. Por mais que muitos fãs ainda anseiem por essa reunião, as coisas jamais seriam como foram antes porque já passou vamos superar   e ninguém aguentaria escrotidão por parte da Julia.

Mas, vamos celebrar o passado e pensar que, apesar dos apontamentos, t.A.T.u representou uma geração e nos presenteou com seu talento. “Dangerous And Moving” completou 11 anos e é difícil acreditar nisso. “All About Us” foi o single mais executado do material, uma canção perfeita para as pistas de dança; “Cosmos (Outer Space)” é outra canção dançante que fala de liberdade; “Loves Me Not” é um dos singles esquecidos, ao lado de “Gomenasai” (aquela balada triste feita pra dias de bad quando a lua entra em Câncer, e não vamos esquecer “Friend or Foe”; Craving (I Only Want What I Can’t) e “Sacrifice” se juntam à “Gomenasai” pra formar a tríade da sofrência; “We Shout” é aquela música calma, que parece desconectada das outras e serve de transição para “Perfect Enemy”, música que retrata o fim do relacionamento abusivo, que deixou mágoas; “Obezyanka Nol” (com letra inteiramente russa e de significado obtuso) é sobre pessoas esquecidas e deixadas de lado pela sociedade; a faixa-título “Dangerous and Moving” fecha o álbum, juntamente com a bônus “Vsya Moya Lyubov” (cheia de metáforas sobre a perda de um amor).

Renda-se à nostalgia:

 

*Meu nome é Luana Mestre e escrevo na Coluna #TRACKBACK todas as quintas-feiras. A ideia é viajar no passado e trazer sempre um tema novo antigo para recordarmos. Alguma sugestão? Você pode enviar deixando um comentário na postagem. 

 

 

 

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