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Placebo faz show enérgico em retorno a São Paulo

Grupo fez setlist com poucos clássicos, mas conseguiu engajar público

O vocalista do Placebo, Brian Molko, durante show em São Paulo. Foto: Ricardo Matsuka/Mercury Concerts/Divulgação

Após 10 anos desde seu último show no Brasil (e também em São Paulo), a banda Placebo se apresentou nesse domingo (17) na capital paulista. O grupo liderado por Brian Molko e Stefan Olsdal trouxe a turnê do álbum “Never Let Me Go”, de 2022, o que causou burburinho nos fãs que acompanhavam os últimos setlists – sucessos como “Every You Every Me” e “Special K” têm ficado de fora das últimas apresentações. 

O mesmo caso aconteceu em São Paulo, mas se nas redes sociais foi antecipado um certo temor pela ausência de clássicos, o público no Espaço Unimed, na zona oeste da cidade, embarcou com maestria no novo momento da banda, que carrega 30 anos de carreira. 

Das 22 faixas apresentadas, 10 eram do novo álbum. Algumas delas, como “Forever Chemicals” e “Beautiful James”, foram entoadas de forma fervorosa. Outras, como “Hugz” e “Twin Demons”, não tiveram o mesmo empenho, mas foram contempladas junto à iluminação do palco – primorosa, diga-se de passagem – e ao som limpo, digno de recém-saído do estúdio (embora baixo por algumas vezes).  

Com algumas exceções, a primeira metade do show foi marcada pelas canções mais atuais. A quinta música, “Happy Birthday in the Sky”, caracterizou o maior momento de interação entre Brian Molko e o público; antes de tocar a faixa, o vocalista lembrou a última vinda da banda e pediu para que o público celebrasse o aniversário de um dos músicos que acompanha a turnê. Molko ainda arriscou palavras em português, como “parabéns”. 

Brian Molko (à esquerda) e Stefan Olsdal. Foto: Ricardo Matsuka/Mercury Concerts/Divulgação

Show do Placebo em São Paulo teve conexão com público e poucos registros

A discografia do Placebo oscila entre o fervor e o marasmo. Ontem, as canções mais eufóricas do grupo tiveram mais peso no coro do público – apesar de sucessos mais melancólicos, como “Song To Say Goodbye”, do disco “Meds“, de 2006, e o cover de “Running Up That Hill (A Deal With God)”, de Kate Bush, que finalizou a noite, contarem com a comoção extra do público.

O ponto alto foi, sem dúvidas, “The Bitter End”, do álbum “Sleeping with Ghosts”, de 2003, clássico amplamente aclamado durante a performance. “For What It’s Worth”, de “Battle for the Sun” (2009), e “Infra-red” (2006), têm a mesma pegada enérgica e receberam a mesma dedicação.

Ao longo da noite, era certo presenciar mãos levantadas e palmas que acompanhavam a banda, acompanhadas de olhares atentos e compenetrados na apresentação.  

Oras entusiasmado, oras contemplativo, as quase duas horas de show tiveram um ponto em comum: poucos eram os celulares levantados em comparação a outras apresentações ao vivo. O fato tem um motivo: a banda pede para que o público não filme ou fotografe o evento. 

O aviso foi compartilhado nos telões antes do início do espetáculo. “Isso faz a performance do Placebo muito mais difícil de se conectar com vocês e de comunicar efetivamente as emoções das músicas”, dizia trecho do comunicado. “Por favor, esteja aqui no presente e aproveite o momento, porque este momento exato nunca mais vai acontecer novamente”, pontuava outro.

Aconteceu até certo ponto. Nas vezes em que fãs fotografaram ou filmavam, a equipe da banda acionava uma lanterna para chamar a atenção de quem estivesse “transgredindo” a regra. Há registros do show nas redes sociais, mas se compararmos com outros, é possível afirmar que grande parte da plateia captou a mensagem. 

O fato demonstra mais um ponto de conexão entre banda e público, que manteve energia e admiração durante todo o show. O duo retribuiu o carinho não só entregando uma performance explosiva, mas também no contato com os fãs. Embora tenham verbalizado pouco ao longo da noite, demonstraram afeto na despedida – Stephan passeou pelo palco, mandou beijos e Brian se enrolou em uma bandeira trans entregue da plateia. 

Se o Placebo vai demorar mais 10 anos para voltar, não sabemos – mas se depender do que foi visto em São Paulo na noite passada, acredita-se que o tempo de espera será mais curto desta vez.  

Setlist:

Forever Chemicals
Beautiful James
Scene of the Crime
Hugz
Happy Birthday in the Sky
Bionic
Twin Demons
Surrounded by Spies
Soulmates
Sad White Reggae
Try Better Next Time
Too Many Friends
Went Missing
Exit Wounds
For What It’s Worth
Slave to the Wage
Song to Say Goodbye
The Bitter End
Infra-red

Encore:
Taste In Men
Fix Yourself
Running Up That Hill (A Deal With God) (Kate Bush cover)