No último fim de semana, dias 16 e 17 de junho, aconteceu o Festival LED – Luz na Educação 2023! O evento, que promoveu reflexões sobre os desafios, transformações e novas ferramentas da educação brasileira, foi sediado no Museu do Amanhã e no Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro.
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A festividade incluiu diversos especialistas, educadores, artistas e ativistas. Ao todo, a programação contou com mais de 70 atividades entre palestras, mesas de debate, oficinas e apresentações. Além disso, os espaços contaram com várias ativações para a interação do público.
O festival dividiu-se em algumas áreas: o Palco LED Inspira, com conversas mais amplas e inspiracionais; o Palco LED Inova, que ofereceu uma abordagem mais intimista; o Espaço LED Cria, com oficinas; e o Espaço Comunidade LED, onde foi possível encontrar conteúdos dos projetos Embaixadores LED e parceiros convidados.
Veja alguns destaques do Festival LED 2023
“Cotas e a Luta pela Reparação Histórica: Passado, Presente e Futuro”
Entre os diversos debates promovidos pela 2ª edição do Festival LED, um dos destaques foi a mesa “Cotas e a Luta pela Reparação Histórica: Passado, Presente e Futuro”, que ocorreu na sexta-feira (16). Com mediação de Flávia Oliveira, o debate contou com a participação de Átila Roque, Daniel Munduruku, João Luiz Pedrosa e Katiuscia Ribeiro.
O apresentador, professor e influencer João Luiz Pedrosa, que foi contemplado pelas políticas afirmativas em sua formação universitária, afirmou: “Quando eu enxergo a política de cotas e todas as políticas afirmativas, eu enxergo enquanto uma questão de privilégios que estão sendo reorganizados; e eu não sei se a maior parte da sociedade está muito preparada para isso”.
Ele prosseguiu: “Uma das coisas que a gente mais escuta é: ‘A cota é para pegar a vaga de outra pessoa’. Mas eu fico pensando nisso de ‘pegar a vaga’, ‘tomar a vaga’, isso significa o quê? Que essa vaga tem dono. E quem é esse dono? Na maioria das vezes, são pessoas brancas que puderem ocupar e ter acesso a oportunidades”, disse.
O escritor, professor e ativista Daniel Munduruku também trouxe sua visão para o debate. “O sacrifício sempre tem sido dos povos indígenas. A gente tem que aprender a língua, e abrir mão das nossas. A gente tem que aprender a nos relacionarmos com a sociedade brasileira, fazemos todo o esforço de conhecer o cenário brasileiro, mas a sociedade brasileira não faz esforço nenhum para conhecer a nossa gente”.
Ao final, Flávia Oliveira e os convidados concluíram a conversa pedindo por mais reconhecimento de todos os saberes, oportunidades de inclusão em outras frentes – para além das universidades.
“Como desenvolver habilidades para imaginar futuros?”
Ainda na sexta-feira, os presentes puderam acompanhar a mesa “Como desenvolver habilidades para imaginar futuros?”, que contou com a presença de Andreza Maia, Ivan Baron, Pepita e Ricardo Piquet; além de mediação de Fátima Bernardes.
Os convidados falaram sobre as dificuldades encontradas por grupos minoritários na busca pela educação – como a falta de acessibilidade para PcDs e o preconceito enfrentado pela comunidade LGBTQIA+. Durante a conversa, eles debateram sobre ações que podem ser tomadas para garantir um futuro com mais diversidade e aceitação nos ambientes educacionais.
A cantora e compositora Pepita falou: “Eu gosto de trazer para a internet e minhas redes sociais as coisas em que eu acredito. Eu acredito no amor, eu acredito em vocês que estão aqui, eu acredito que a gente pode escrever a história que a gente quiser. O diretor e o autor sempre são a gente”.
O influencer Ivan Baron comentou, também, sobre como as organizações públicas e privadas podem colaborar para uma maior inclusão de pessoas com deficiência. “A gente pode promover essas transformações através do incômodo – tanto da pessoa que precisa da inclusão, mas também mais ainda de quem se propõe a promover esses atos […] Inclusão de verdade causa incômodo, e assim a gente consegue avanço”.
“Por Uma Educação para Todos, Todas e Todes”
No segundo dia do festival, ocorreu a mesa “Por Uma Educação para Todos, Todas e Todes”. Com participação de Beatriz Lacerda, Fátima Lima, Urias e mediação de Majur, o debate promoveu reflexões sobre a comunidade LGBTQIAP+ e suas experiências na formação escolar e acadêmica.
A artista Urias usou sua própria experiência como exemplo: “Acho que a gente cria muitos mecanismos mentais para aguentar o dia a dia; e acho que fui muito boa criando esses mecanismos, porque eu passei meio que ilesa. Não tem como a gente não falar sobre LGBTfobia nesses espaços, porque são muitas pessoas em formação juntas. E, às vezes, isso é levado para um lado em que se vulnerabiliza mais ainda o vulnerável”.
A antropóloga e ativista Fátima Lima afirmou: “Uma certeza eu tenho: essas gerações que estão aqui, agora, estão disputando esse tempo racialmente, em gênero, na sexualidade, recusando gênero e qualquer processo de sexualização de seus corpos”.
“Não tenho a menor dúvida de que essa geração que está aí tem questionado – às custas de muita violência, não podemos esquecer isso –, tem se aquilombado, tem construído ajuntamento, acredito muito nisso. Na possibilidade de enfrentamento coletivo, de organização”, completou.
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