Nesta sexta-feira (14), chegou a todas as plataformas de streaming o novo álbum do The Wombats, “Oh! The Ocean”. Em entrevista ao Tracklist, o baterista dos Wombats, Daniel Haggis, explicou mais sobre o conceito do disco, sua produção, contou quais são suas faixas favoritas até o momento e mais detalhes do lançamento.
O músico relembra também o show no Lollapalooza Brasil 2022, que precisou ser interrompido devido às fortes chuvas que afetaram o local no dia. Com a promessa de voltar ao país para finalizar esse show, confira o papo na íntegra a seguir!
Entrevista: The Wombats
Tracklist: Sei que os álbuns do The Wombats são bastante únicos entre si, então gostaria que você explicasse qual é a história e o significado por trás do “Oh! The Ocean”.
Daniel Haggis: O título veio de um momento em que Matthew Murph [vocalista] estava sentado na praia, olhando para o oceano, e teve uma súbita clareza como se, pela primeira vez, estivesse realmente vendo algo, com a mente clara, admirando a natureza. Nesse caso, o oceano. Acho que o álbum tem muito a ver com tentar viver no presente e não pensar demais no futuro, com a ansiedade e todas as preocupações que o acompanham, tentando ficar apenas no presente, que não é tão fácil quanto parece.
Comparado aos nossos outros álbuns, gravamos esse com um novo produtor, John Congleton, que é um produtor fantástico. Nós o fizemos em Los Angeles durante seis semanas. Ele trouxe um lado um pouco diferente da banda, e realmente queria capturar tudo ao vivo, com todos nós tocando juntos. Claro, colocamos camadas sobre isso, mas grande parte foi tentar capturar as nuances, a espontaneidade e até os erros, coisas que nos tornam humanos, eu acho (risos).
Às vezes, voltávamos ao estúdio depois de uma gravação e dizíamos: “Ah, eu não queria fazer isso”, mas ele respondia: “Mas ficou ótimo. O que há de errado com isso?”. E nós ficávamos: “É, na verdade, nada está errado, isso soa bom”. Ele era muito sobre confiar no instinto e nos ouvidos. Se algo soar empolgante e bom, não pense demais. Então, o processo de gravação acabou refletindo um pouco o que o álbum fala.
Isso é incrível. Eu li que a música “Can’t Say No” combinaria mais com o quarto álbum da banda. Por que isso mudou?
Isso seria mais uma pergunta para o Murph, porque eu não a ouvia para o quarto álbum. Eu acho que ele não estava feliz com o jeito que a música acabou ficando. Mas sim, muitas vezes você pode terminar uma música e sentir que ela não está exatamente do jeito certo, que algo está faltando, ou que alguma parte dela não está te fazendo sentir o que você queria. E acho que havia algo na música que era bom o suficiente para fazê-lo querer voltar a ela. O que, para ser honesto, é bem comum.
Já tive várias músicas em que você sente que o verso está ótimo, mas o refrão não está funcionando direito. E aí, depois de um, dois ou três anos, você tem a clareza e a perspectiva necessárias para perceber o que está faltando ou o que você deve mudar. Acho que às vezes é muito difícil, no momento, conseguir se desapegar do velho refrão. Sabe, você pode ter uma parte da música e, naquele momento, você pensa: “Ah, não está certo”, mas não consegue imaginar outra coisa. Já depois de alguns anos sem ouvir, você ouve o verso e pensa: “Já sei para onde ele deve ir”, porque sua mente já não está mais cheia da versão antiga. O tempo faz muito bem às músicas.
Existe alguma outra música, talvez alguma mais antiga, que passou por um processo semelhante?
Não exatamente da mesma forma, eu diria que tiveram algumas músicas, como “Greek Tragedy”, por exemplo. Eu tinha a introdução, meio que a parte do teclado, no meu celular por um ano antes de tentar fazer qualquer coisa com ela, porque eu ficava sentindo que não sabia o que fazer, mas sentia que havia algo bom ali. Eu ficava voltando para o celular, colocava os fones de ouvido e escutava. Lembro de uma vez tê-la ouvido em um avião, eu estava olhando por todas as minhas ideias, encontrei essa e pensei: “Tem algo realmente bom nisso”, mas eu não sabia o que fazer, não achava que fosse algo para os Wombats, sabe? Não sabia se ia funcionar com The Wombats.
Eu mostrei para o Tord Øverland [baixista] uma vez, e ele disse: “É muito legal, vamos fazer algo com isso!”. Então, eu e ele começamos a trabalhar nela e depois esperamos mais alguns meses antes de mostrar para o Murph, porque a gente não achava que ia funcionar para os Wombats. Aí, quando o Murph ouviu, ele disse: “Uau, me manda isso, isso é incrível!. E assim terminamos a música. Isso acontece, você pode ficar realmente empolgado com uma parte ou algo, mas não consegue imaginar para onde deve ir. Acho que isso é mais comum do que você imagina! (risos).
Eu fico muito feliz que vocês tenham lançado “Greek Tragedy”, eu amo essa música. Você tem alguma música favorita do novo álbum?
Sim! Na verdade, eu estava tocando as músicas na bateria mais cedo, pois vamos começar a fazer alguns shows em breve. Eu gosto de todas, mas “Blood on the Hospital Floor”, para mim, acho que é a minha favorita para tocar na bateria. É bem rápida e animada, tem uma energia ótima, satisfaz o meu lado punk, então eu adoro essa!
“I Love America and She Hates Me”, adoro essa. “Reality Is a Wild Ride”, “My Head Is Not My Friend”, “The World’s Not Out To Get Me, I Am”, realmente adoro essa, muito divertida de tocar também! Está bem difícil de escolher. Ainda não tocamos essas músicas ao vivo, então a ideia de tocar todas elas é muito empolgante. Desculpe não ter conseguido escolher apenas uma! (risos)
Este ano é o 10º aniversário do álbum “Glitterbug”. Vocês têm planos especiais para celebrá-lo?
Eu sei que a gravadora queria lançar uma versão especial em vinil para o 10º aniversário, ou algo assim. Seria ótimo fazer algo especial para ele, mas, no momento, estamos tão focados no lançamento do novo álbum que é difícil pensar nisso. Porém, seria legal fazer versões especiais de algumas músicas, quem sabe com cordas ou algo assim, ou até um show especial. Mas, como eu disse, é realmente difícil dar tempo suficiente para o seu cérebro pensar sobre esse álbum e o que está acontecendo neste momento, então veremos. Porém, é um marco de orgulho e há muitas memórias divertidas com esse álbum, é incrível.
Infelizmente, quando vocês estavam tocando no Lollapalooza aqui no Brasil, o show precisou ser interrompido por conta das fortes chuvas, não sei se você se lembra.
Lembro muito bem! Nós falamos disso o tempo todo.
Sério?
Sim, isso nunca realmente tinha acontecido antes, de termos que [interromper um show] no meio. Acho que tínhamos tocado umas quatro ou cinco músicas e estávamos nos divertindo muito. Sabe, foi genuinamente um dos nossos shows favoritos. E estávamos nos olhando e pensando: “Isso é incrível!”. A energia do público era incrível, nós não estávamos esperando que todo mundo fosse cantar tanto e dançar com a gente. E aí, de repente, aquelas nuvens surgiram lá do outro lado da colina e ficamos: “O que está acontecendo?!”. E então veio o vento, e a gente continuou tentando tocar o máximo que podia.
Foi como estar em algum videoclipe de música emo, com água batendo no cenário, os símbolos caindo, e essas coisas. Foi tipo: “Caramba, isso realmente está muito perigoso!”. Então tivemos que parar, todo o nosso show foi arruinado. Mas nada além de memórias boas, nós tivemos um ótimo momento.
Bem, eu estava para perguntar se vocês têm planos de voltar ao Brasil para terminar o show, especialmente com um novo álbum e a nova turnê…
Sim, com certeza! Honestamente, 100% nós todos queremos desesperadamente voltar ao Brasil. 100%. Digo, não depende da gente, depende dos promotores realmente, do Lollapalooza ou de qualquer um dos grandes festivais. Então, espero que eles nos chamem para voltar e terminar o show! (risos). E, se não, a gente vai ter que tentar encontrar uma maneira de voltar de qualquer forma. Então, sim, nós estaremos aí!
Nosso site se chama Tracklist. Se você fosse criar uma tracklist para um álbum fictício com três músicas que representem o estilo do The Wombats, quais você escolheria e por quê?
Posso escolher músicas de outros artistas? Então, eu escolheria “Take On Me” do a-ha, Isso é meio que um clássico do Tord, ele também é da Noruega e eu sinto que essa é a música de karaokê dele, que ele sempre coloca. E, sim, é um clássico.
Eu acho que para o Murph teríamos que escolher talvez uma música do Elliott Smith, “Waltz #2 (XO)”. E, para mim… nós tivemos músicas animadas, lentas… eu acho que vou escolher, essa é difícil, mas acho que vou escolher uma para o meu pai. Sim, vou escolher “Unknown Legend”, do Neil Young.
Legal!
Essa foi uma seleção bem aleatória de músicas!
Muito obrigada pelo seu tempo, foi ótimo conversar com você e espero vê-los no Brasil em breve!
Obrigado! Espero também!