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Entrevista: The Offspring fala sobre “Come to Brazil”, álbum novo e mais

“SUPERCHARGED” já está disponível em todas as plataformas digitais

Foto: Daveed Benito

Em outubro, a banda The Offspring lançou seu novo álbum, “SUPERCHARGED”. O trabalho aproveita a energia imprevisível da vida no século 21 e a transforma em uma força positiva e inspiradora.

Além disso, um grande destaque no novo disco do Offspring é a faixa “Come To Brazil”, que homenageia os fãs brasileiros com a chamada mundialmente conhecida. Mas o que motivou o grupo a produzir algo tão especial e focado para nosso público?

É o que conta Noodles em entrevista ao Tracklist. No papo, o guitarrista do Offspring fala de “Come to Brazil”e também de fãs, o novo álbum e a próxima vinda ao país. Confira!

Entrevista: Noodles, do The Offspring, fala sobre novo álbum, “Come To Brazil” e mais

Tracklist: Olá, como vai? Estou muito feliz de estar aqui, sou uma grande fã!
Noodles: Oh, obrigado!

Claro, queremos saber mais sobre o novo álbum e seu grande destaque, falando como uma brasileira, a música “Come to Brazil”!
Come to Brazil, sim!

Sim! Queria saber como foi o exato momento em que a banda percebeu: “Nós precisamos fazer uma música sobre esse ‘come to Brazil’!”
Acho que o Dexter Holland [vocalista e guitarrista] teve essa ideia em mente há um tempo, mas começamos a escrevê-la há uns dois anos. Estávamos no estúdio e, normalmente, começamos uma música com um riff, uma melodia ou uma batida de bateria, mas essa foi uma que começou com a ideia de “come to Brazil”, a ideia da letra.

Aí o Dexter falou: “Bem, o que fazemos? Os brasileiros adoram isso, eles curtem rock pesado e metal”, então começamos com a partir daí. Depois, fizemos o refrão para cantar junto, sabe? Tivemos que colocar o “ole ole olê” no final! E ele trabalhou bastante na letra dela. Temos alguns amigos e fãs brasileiros e ele ficou trocando ideias com eles, garantindo que as letras fossem respeitosas e fizessem sentido. Ele até canta em português, que não é o nosso idioma, na verdade.

Não é um idioma fácil, né?
Pois é, é diferente, bem diferente!

Você disse que a canção foi escrita há dois anos?
Sim, há uns dois anos. Trabalhamos nela por bastante tempo. Acho que eu não fiz o solo até, acho que, menos de um ano atrás. Essa foi uma das últimas coisas que fizemos nela. Mas a estrutura da música já estava praticamente pronta até lá, acho que [Dexter] estava provavelmente polindo as letras e fazendo as vozes, e depois fomos e mexemos na guitarra, o que também foi muito divertido.

E quanto ao restante do álbum, no geral, quais foram as inspirações para a banda?
Ah, meu Deus, um pouco de tudo! Algo sobre o que vemos acontecendo no mundo, como a primeira música “Looking Out For #1”, que fala sobre… Você vê muitas pessoas que estão apenas pensando em si mesmas, muitos políticos, muitos empresários, e aí nas redes sociais você vê muitas pessoas dizendo para todo mundo se f*der, sabe? Tudo é sobre elas. Influenciadores só posando e tudo é sobre eles! (risos).

Truth In Fiction” é sobre viver em um tipo de mundo pós-fato, onde se você quiser acreditar em qualquer coisa, você pode encontrar isso na Internet. Se você quiser acreditar que esquilos do espaço são responsáveis pelos resultados da eleição, você pode encontrar isso em algum lugar online. Eu inventei essa, aliás, esquilos do espaço roubando a eleição. Você pode literalmente encontrar isso na internet!

E tem muita desinformação circulando. Está ficando bem assustador com toda essa coisa de deepfake agora também, com a IA e todas essas coisas. Então, vemos as coisas acontecendo no mundo e queremos escrever músicas sobre isso. Depois tem algumas músicas mais animadas, como “Ok, But This Is The Last Time”, onde você tem um relacionamento que, às vezes, é um pouco difícil, você vai lidando com as coisas que provavelmente não deveria porque está apaixonado por essa pessoa. Essa música me lembra muito “Self Esteem”, do “Smash” (1994). Quando estávamos trabalhando nela, eu a chamava de “Almost Self Esteem”.

E “Make It All Right” tem uma sensação parecida, em que você está em um relacionamento que traz muita alegria para a sua vida e realmente enriquece sua vida. Mas ao mesmo tempo, tem um lado mais difícil. Você provavelmente vai receber mais um dedo do meio ou um soco no braço do que um abraço.

Legal, é um ótimo álbum!
Obrigado!

Você já esteve no Brasil várias vezes. Está planejando algo diferente para os próximos shows no próximo ano, especialmente com esse novo álbum?
Bem, acho que vamos ter que aprender a tocar “Come to Brazil”! Isso vai ser difícil. A parte do ritmo, a parte pesada, acertar tudo isso. Vai ser divertido, vai ser bom. Vai cair bem. O solo eu consigo tocar, mas as partes rápidas e pesadas do ritmo, sabe? Acertar tudo isso… Vai ser divertido. Vai ser um bom teste.

Estamos sempre pensando em ideias diferentes de produção, coisas para fazer para transformar o show em um show de rock, não só a gente ali parado tocando as músicas como estavam no disco. Sempre tentamos fazer algo um pouco diferente, sem reinventar as músicas. As músicas são boas do jeito que são, mas, tipo, estender partes delas, sabe? E depois o que tivermos nas telas atrás de nós, vídeo, todos os diferentes detalhes da produção.

Certeza. Eu estou bem animada para os shows!
Estamos ansiosos para ir para aí! Quero dizer, o público brasileiro é… Bem, você sabe, vocês são loucos! Vocês são completamente loucos! (risos). Um dos melhores públicos com os quais você poderia tocar, com certeza.

Isso é incrível! E no próximo ano, vocês vão tocar, é claro, em um festival punk focado no punk rock, um gênero ao qual a banda permaneceu fiel ao longo dos anos. Como você vê a importância dessa música punk nos dias de hoje?
Eu acho que houve uma espécie de ressurgimento. Imagino que você esteja falando do When We Were Young Festival. Estamos fazendo alguns deles na verdade, tocamos no Punk In The Park em San Diego com várias bandas de punk, mas o When We Were Young Festival é enorme. Fizeram este ano em Las Vegas, tocamos no ano passado, vamos tocar de novo no próximo outono, e todas as bandas estão indo muito bem. Acho que há um interesse renovado em todas as coisas dos anos 90 e início dos anos 2000. É ótimo ver todas as bandas com quem tocamos por 30 anos agora ainda firmes e indo bem.

E como o The Offspring conseguiu se manter relevante entre esses diferentes grupos etários e gerações, depois de todos esses anos?
Eu realmente não sei como ou por que conseguimos isso. Só sei que fico feliz por fazermos!

Com certeza!
Sim, quero dizer, a faixa etária da primeira fila de um show do The Offspring nunca mudou. Sempre foram jovens. Sempre foi assim. Agora vemos alguns pais misturados com eles, você vê pais e filhos indo ao show, e acho que isso é bem legal também, porque quando começamos, as crianças nos adoravam, mas os pais odiavam a gente nos anos 90! (risos). Então, é legal ver as gerações se conectando com isso. Acho que isso é bem legal, sim.

E você se lembra da primeira vez que esteve aqui no Brasil? Tem algum momento memorável?
Sim, acho que foi em 95, 96, talvez 97. Não tenho certeza do ano. Mas, sim, fiquei impressionado. São Paulo, que cidade enorme! E depois o Rio de Janeiro, claro, uma parte linda do mundo, só o interior, pessoas lindas, comida maravilhosa. Caipirinhas!

É um país muito bom!
Sim!

E para nossa última pergunta, nosso site se chama Tracklist. Se você tivesse que criar um álbum fictício com três ou mais faixas do The Offspring para garantir que as pessoas continuem ouvindo sua música daqui a 100 anos, quais seriam e por quê?
Ah, meu Deus. Eu definitivamente colocaria “You’re Gonna Go Far, Kid”, essa música acabou de passar de 1 bilhão de streams no Spotify, então está alcançando as pessoas, e eu acho que é uma música bem legal, dá aos fãs uma boa ideia de como soamos e o que nossa música é. Tem partes rápidas, partes lentas, é um pouco mais rock direto do que punk. Então, eu colocaria essa.

Que tal “Ok, But This Is The Last Time”, para mostrar o lado mais pop do que fazemos. E então eu acho que “Bad Habit” do “Smash”, para mostrar o lado punk do que fazemos. Sempre amamos isso, foi o que nos fez começar a tocar música.

Legal, ótimas escolhas!
Bem, obrigado!

Muito obrigado pelo seu tempo, espero que você se divirta aqui no Brasil no próximo ano.
Ah, estamos tão ansiosos para isso, sempre nos divertimos muito no Brasil!

Você quer deixar uma mensagem para os fãs brasileiros?
Só agradecer por sempre estarem aí e nos inspirarem a escrever músicas, literalmente!

Sim, literalmente!
Sim! Alguns dos melhores públicos para se tocar no mundo são no Brasil. E temos sido muito sortudos por podermos ir para aí por quase 30 anos e continuar tocando, e mal podemos esperar para voltar.


A próxima vinda ao Brasil do The Offspring, conforme comentada pelo guitarrista Noodles na entrevista acima ao Tracklist, será extensa: o grupo passará pelo país nos dias 5, 6, 8, 9 e 11 de março de 2025. A banda vai tocar em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, e os ingressos já estão disponíveis online via Eventim.