in ,

Entrevista: Teresa Cristina fala sobre homenagem a Milton Nascimento e mais

Artista revelou projeto autoral para este ano

Entrevista Teresa Cristina
Foto: Divulgação

O céu de Madureira se ilumina para uma noite histórica. Nesta quinta-feira, 13 de fevereiro, Teresa Cristina sobe ao palco do Vivo Rio para um espetáculo emocionante que celebra a trajetória de Milton Nascimento, homenageado pela Portela no Carnaval 2025. Com um elenco de peso, incluindo Simone, Criolo, Maria Gadú, Roberta Sá e a Velha Guarda da escola, a apresentação promete reviver grandes clássicos de Bituca e os sambas inesquecíveis da agremiação.

Em recente entrevista ao Tracklist, Teresa Cristina compartilhou os bastidores dessa homenagem, a emoção de dividir o palco com Milton e a importância desse encontro para sua trajetória musical. A cantora também falou sobre a escolha do repertório e suas expectativas para o show, que une duas das maiores riquezas culturais do Brasil: o samba e a MPB. Confira!

Teresa Cristina fala sobre homenagem a Milton Nascimento, projetos futuros e mais

Teresa, você já homenageou grandes sambistas ao longo de sua carreira, se mostrando uma grande defensora da preservação da cultura e da história do gênero. Como essa homenagem a Milton Nascimento se alinha com a sua missão de manter viva a tradição da música brasileira?

    Eu tenho que agradecer muito à Portela, né, à minha escola, por escolher o Milton como enredo. E por eu ter feito, no ano passado, esse show para arrecadar fundos para a Portela, para ajudar no desfile. E aí a gente está na segunda edição do show. Acho que a Portela merecia também estar no Vivo Rio falando do seu enredo. E o enredo ser Milton, para mim, é um presente, é uma dádiva, é uma coisa divina, né, ter a oportunidade de cantar a obra do Milton porque, se não fosse esse enredo, se não fosse a Portela homenageando o Milton, eu não sei se eu teria coragem de cantar essas músicas, de fazer esse repertório, sabe? Então, acho que tudo casou. Eu, infelizmente, não consegui assistir aos shows que o Milton fez se despedindo dos palcos, e aí Deus me ajudou e me colocou no palco com ele [risos], no momento em que ele está sendo homenageado pela minha escola. Não tem presente maior.

    Como surgiu a ideia de trazer o Milton para o palco do Vivo Rio neste show especial? Como foi a reação dele ao convite?

      Bom, a primeira ideia era fazer o show que a gente já faz com a velha guarda, convidando artistas que tivessem relação com a obra do Milton, mas eu não tinha entendido que ele ia estar presente. E aí, em algum momento, eu soube que ele estaria presente, e não só ia estar presente, mas também ia escolher músicas para cantar com a gente. E aí eu vou dizer, eu não sei a reação dele, eu vou dizer a minha reação: eu chorei, dei um berro, gritei, pulei, enfim, botei minha criança para celebrar esse acontecimento. Eu não sabia que ele estaria presente, depois não sabia que ele ia cantar, depois não sabia que ele ia escolher o repertório para cantar com a gente, e ele está dando esse presentão para a gente, essa oportunidade de estar ali no palco com ele.

      Quais músicas do repertório de Milton Nascimento você está mais ansiosa para interpretar nesse show? Alguma canção em particular tem um significado especial para você?

        Tem uma música que eu gostaria de ter feito — não só eu, né, acho que muita gente — que é “Certas Canções“. Essa música me corta ao meio, assim. E aí, quando eu vi que ela não tinha sido escolhida por ninguém, eu falei: “Não, pera aí, ‘Certas Canções’ vai ficar comigo!”. Eu amo essa música, acho que todo cantor gosta de cantar essa música.

        E outro momento que, para mim, é muito importante é poder cantar com a Simone “Encontros e Despedidas“, “Para Lennon e “McCartney“, porque eu sou muito fã da Simone desde criança, enfim, eu e minhas irmãs. Acho que vai ser, mais uma vez, um presente poder cantar com uma artista que admiro há tanto tempo, a minha vida inteira, e interpretar uma obra tão rica.

        No ano passado, você celebrou o centenário da Portela com apresentações incríveis. Como foi essa experiência e o que o público pode esperar dessa nova homenagem no Vivo Rio?

          Ano passado foi uma delícia! Foi um show, nossa, rico, bonito e vivo, né? É a Portela, né, gente? É a minha escola. A Portela é a maior campeã do Carnaval. Então, é isso: a Portela tem esse axé, a Portela tem essa energia, né? A Portela é uma escola que nasceu para vencer.

          Além de Milton Nascimento, você também vai interpretar grandes sambas da Portela e de outros mestres como Paulinho da Viola e Candeia. Como foi o processo de escolha desse repertório?

            Bom, a escolha do repertório vai ser, eu acho, um pouco do que será o desfile: a Portela mostrando a cara dela, mostrando a sua tradição. Então, a gente tem a velha guarda cantando os sambas de terreiro da escola. Eu começo o show cantando Candeia, que conversa com Milton no enredo, né? E o repertório do Milton, com os artistas que foram convidados, foi um processo bem gostoso. Foi muito legal escolher o repertório desse show. É um pouco diferente do ano passado, mas muito rico.

            Por último, o que o público pode esperar de Teresa Cristina em 2025, tanto em termos de novas músicas quanto de shows? Quais são seus planos para o futuro próximo?

              Bom, 2025 é um ano em que, mais uma vez, eu começo a fazer planos, assim como foi em 2024. Mas o ano acaba engolindo a gente e, às vezes, não fazemos o programado, mas seguimos trabalhando. Vai ser um ano, para mim, de muito trabalho. Eu vou gravar um álbum com as composições do Zeca Pagodinho. Tenho os shows com as velhas guardas, né? Vou fazer shows com a velha guarda da Portela, a velha guarda do Império, a velha guarda da Mangueira, a velha guarda do Salgueiro e se tiver tempo, faço meu álbum autoral. Senão, deixo para o final do ano. E vamos ver se a gente faz o “Samba na Gamboa“, né? A gente gravou a primeira temporada e agora vamos ver se conseguimos gravar a segunda. Enfim, trabalho tem! Tomara que eu consiga fazer tudo.

              Leia também: Entrevista: Wina fala sobre seu novo EP, “Overplugged”