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#TrackBrazuca: Entre traps, cacifes e devaneios retianos

A noite do dia 29 de abril marcou a estreia de uma nova coluna. A ansiedade aguardava desde as 22 e já passava da hora prevista. Entretanto, o público aquecia os ânimos na entrada, enquanto esperava os portões serem abertos.  Pouco depois, a vibe Neon refletida nos muros da arena do Estádio Mané Garrincha anunciava que a maior festa de trap e rap do centro-oeste estava de volta. Nos jogamos na primeira parada do Track Brazuca: a Drop it Like it’s Hot.

Antes mesmo de entrar, já se ouvia o tremor das picapes do DJ Torch, que foi o responsável por acender a chama do trap na noite. O flow unificado recebia de braços abertos, e passos ritmados, as pessoas que chegavam. Era impossível não se envolver.

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Foto: Henrique Martins

O cenário introduziu o clima das ruas no local coberto. Grafites estampavam a força do movimento artístico do gueto nas paredes. Uma volta bastava para ambientação e a atenção induzida voltava os olhares para a estrutura de palco. Cortiço personalizado e perfeitamente representado. Ouso dizer, inspirava beleza e intimidade. E não deu outra, todo mundo se sentiu em casa.

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Foto: Henrique Martins

Bonés aba reta e camisetas estampadas eram itens corriqueiros na composição visual, mas não havia regra e nem julgamentos. O que se via era um conjunto alternativo somado. “É festa que expande espaço, que une as tribos e faz a gente ficar a vontade”, Lucas Borges definiu com facilidade. Ninguém precisava mascarar personalidade.

Sem anúncio, trazendo uma parte da força do rap carioca, Filipe Ret surpreendeu ao entrar em cena. Sua voz ecoou ao fundo e um “TUDUBOM” foi o suficiente para reunir a multidão. Acompanhado por Mão Lee e Kayuá, o vivaz desencadeou uma sequência de estilos livres, poesias com pecado, sonhos projetados, ideias perigosas e um novo mundo. A apresentação foi levada a outro nível com “Invicto”. Quando o público cantou uníssono “Só o impossível me interessa”, deu pra entender que não era só mais um devaneio retiano. Ainda perto do TTK, sem se contentar com pouco, a gratidão foi ilustrada com gritos de “Obrigado, Brasília” a todo momento. Ao final, o cantor regou a coletividade com champagne. Depois do brinde, foi fácil ver a ânsia por mais e uma expectativa para o que virá depois do Revel.

Muito tempo já havia se passado e ninguém parecia se importar com as horas. Sem pausa, a DJ Cinara prosseguiu com o BASS pra fazer valer a tese de que quanto mais Drop, mais hot. Ainda que alguém quisesse parar, sobraram motivos para se jogar e a galera se deixou levar pela batida.

Fazendo um convite a sinestesia, foi a vez do Cacife Clandestino mostrar a essência da mistura contemporânea do hip hop. Felp e o Terror dos Beats transformaram “Eu e você contra o mundo” em “Só Vitória” pra deixar na memória apenas o melhor da experiência. Entre ladras de salto, beija-flores e vícios prediletos, ainda dividiram a cena com o retorno do Ret pra celebrar a liberdade. O ápice chegou ao “Sol” e fez o público ferver com o groove compartilhado. Sem desejar o fim, o grupo fez questão de deixar explicito que bom conteúdo não faltava. Se essa era só a primeira etapa, diga lá o que será da segunda.

A manhã estava quase pedindo licença pra fazer parte e o “chegue mais” veio do anfitrião Hugo Drop. O público imaginou que sabia o que viria, mas o DJ vislumbrou com um set extraordinário. Produção milimétrica e um estilo único. Hugo deixou uma marca impossível de ser esquecida.

Levando o cenário das festas brasilienses a outro patamar, a Drop comprovou que veio pra libertar aquilo que muitos são forçados a camuflar: a vontade de ser. A primeira edição do ano fortaleceu um perímetro que estava esquecido e deu voz aos que antes só observavam. Ao voltar pra casa, a sensação era de frisson. E de dever cumprido!

Pra deixar um gosto de quero agora, curte um pouco mais dessa experiência com a gente e se prepara para as próximas. Afinal, esse foi só o começo!

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